terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

127 Horas


Assistir ao filme 127horas (história real de Aron Ralston) me fez refletir sobre muitas coisas. Não só o lado esportivo/aventureiro, mas uma reflexão profunda sobre a nossa vida.

Baseado na história real de como o alpinista Aron Ralston lutou para salvar a própria vida após um acidente. Em abril de 2003, Aron fazia mais uma escalada nas montanhas de Utah, Estados Unidos, quando acabou ficando com seu braço preso em uma fenda. Sua luta pela sobrevivência durante mais de cinco dias (durou 127 horas) e foi marcada por memórias e momentos de muita tensão. A única saída de Aron que já estava exausto e sem água foi a de cortar o seu próprio braço para se soltar e sobreviver.

                Quantas vezes na vida nós tomamos decisões parecidas com a de Aron, a de querer ser auto-suficiente, querer demonstrar que consegue tudo sozinho? Saímos sozinho por um caminho que não sabemos onde vai dar e não deixamos nem rastros para que nos encontrem.
                O preço é alto demais quando tomamos decisões parecidas com esse episódio. A vida nos proporciona várias fendas e muitas pedras que podem nos prender, forçando-nos a sacrificar algumas coisas valiosas em nossa vida.
                O desespero do jovem alpinista ao se ver preso e sozinho é comparado à angústia de um jovem que escolheu um caminho errado para seguir sua vida. Alguém que dispensa a companhia de um amigo para se aventurar por caminhos incertos.
                Não espere o sacrifício para mudar seus pensamentos e atos. Dê valor as pessoas que vivem ao seu lado, parentes e amigos. Não fique só, principalmente quando o caminho novo não se sabe onde vai dar.
                Um grande abraço à todos. Deus abençoe!


@kinho_MJ

domingo, 27 de janeiro de 2013

A MAIOR TRAGÉDIA DE NOSSAS VIDAS

por Fabrício Carpinejar

Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça. 

A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta. 

Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa. 

A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013.

As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada.

Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa.

Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio.

Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.

Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência.

Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.

Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.

Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo?

O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista.

A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.

Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro.

Mais de duzentos e cinquenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.

Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.

As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso.

Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.

As palavras perderam o sentido.





Palavras do escritor e apresentador Fabrício Carpinejar, sobre o maior desastre do Estado do Rio Grande do Sul.